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sexta-feira, 1 de março de 2013

Junto com aquela chuva...


Começou a chover forte naquela noite de maio. Não passava por uma tempestade sozinha tem bastante tempo, sendo mais exata até a noite do nosso fim. Estava chovendo como hoje. Você tinha acabado de chegar do trabalho com aquela camisa social azul que eu tinha te dado. Eu como sempre te recebia sorrindo, sorrindo por te ver entrar pela porta e te sentir um pouco meu. Estava com meu moletom e um café com leite na mão para você. Você não hesitou e me beijou. Molhando minha roupa e derramando café no tapete, que eu fiz questão de deixar a marca até hoje. Eu estava feliz e você também estava feliz, ou pelo menos aparentava isso. Não esperava que terminasse tão friamente assim. Afinal, frio nunca combinou com o nosso amor, sempre fomos quentes. Sua mão que me aquecia em noites frias, seus beijos, suas juras de amor, e até nossas brigas.. Sempre quentes!

Logo depois do seu banho você disse que queria conversar. De início pensei que fosse mais um daqueles seus sermões sobre eu confiar demais nas pessoas, ou seu exagero em se preocupar comigo com a minha distração ao andar nas ruas. Mas não, seu olhar estava diferente dessa vez. Dava tudo para ler seus pensamentos durante aquele banho. Você me olhou e disse que me amava, mas que não dava. Que eu era incompatível com seus planos de viver a dois. Que eu era errada, desastrada, impulsiva e conviver com seu jeito não seria justo para mim, me adequar a sua realidade. Disse que era pro meu bem, que ia ser melhor para mim ficar sem seus fricotes e seu jeito metódico. 

Você disse que ia ser melhor, mas tenho que te falar: não foi. Naquela noite eu fiquei tão surpresa que não tive palavras ou reação. Deixei você sair por aquela porta sem te falar metade das coisas que eu quero. Você não sabe, mas naquele momento foi como se você tivesse me dado um tiro. Como você pode fazer isso? Você sabia que eu era assim desde do começo e mesmo assim investiu em nós, jogando pro alto agora os possíveis lucros. Advogado, correto, centrado, metódico. Eu sabia do seu jeito quando quis ficar contigo, você me encantou e não acredito que você não viu nada de positivo nesse meu jeito. Você dizia que adora meu jeito feliz e a forma com que eu sorria para a vida. Você lembra? 

Mas sabe, começou a chover, e com a chuva, lembranças choveram na minha sala. Aquele cheiro de terra molhada que você adorava me embalaram o sono. Sinto sua falta. Tá doendo pra caramba aqui. Mas sei que uma hora você vai sentir falta de mim também. E sei também, que nessa hora vai ser tarde demais. Se você não é capaz de aceitar o jeito que eu sou, não merece meu amor, nem meu tempo. Pois quem muito se ausenta, uma hora deixa de fazer falta. E o buraco que você abriu no meu coração, uma hora vai fechar..

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