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sábado, 27 de abril de 2013

O oposto dos contos de fadas..

 
Eu e Clarice Lispector sempre dizíamos: "Minha força está na solidão". Até que você apareceu e me mostrou o bom de ser dois. 
 
Você não leva o menor jeito para príncipe encantado, muito menos para herói de filme de ação. Você é quase um anti-herói, desengonçado, desastrado, bagunçado e com uma teimosia fora do normal. Mas é assim, desse jeito que eu gosto de você. Afinal, você sabe que eu nunca gostei desses contos infantis e príncipes encantados nunca fizeram minha cabeça. Até porque, eu prefiro os contos reais, aquele gostoso enredo de não saber o que virá na próxima linha. O imprevisto, o acaso, ou até seu jeito bipolar de ser, podemos considerar. Gosto mesmo da realidade, sendo mais específica, da nossa realidade. 
 
Que me perdoe a Cinderela, mas eu jamais conseguiria ficar em um castelo, vivendo na monotomia de fazer nada o dia inteiro esperando meu príncipe chegar. No meu conto real, tenho a vida tão corrida quando ele. Ele passa para me buscar no trabalho ou liga para avisar que tem engarrafamento na Av. Rebouças. Vamos fazer compras e enchemos o carrinho de congelados e porcarias, poupando todo e qualquer tipo de acidente na cozinha. Na minha história, eu uso mais seu blusão do que meus próprios pijamas, adoro seu cheiro no travesseiro e seus discos indie. Não somos perfeito e passamos longe de sermos personagens de qualquer conto da Disney. Somos apenas eu e você. Tentando fazer dar certo esse turbilhão de emoções que explode dentro da gente sempre que estamos juntos, tentando fazer valer cada segundo juntos no meio dessa correria louca de cidade grande. 

Os melhores contos de fadas não tem final feliz, tem presente feliz. História feliz é aquela que não vai acabar mesmo se houver um final. Desse jeitinho que eu quero que continuemos. Quero continuar a te acordar todos os dias com uma mordida, queimar sua blusa pastel preferida, te levar em lugares cafonas e fazer você provar um suco mistureba que eu descobri. Quero que você continue deixando a tampa do vaso levantada, cantando inglês errado no meu ouvido quando eu estiver vendo televisão, me levando no colo pra cama quando eu dormir em cima dos livros estudando pra prova, limitando o comprimento do meu vestido. Desse jeito torto que encontramos de sermos perfeitos um pro outro. Sorte a minha por nunca ter acreditado em contos de fadas e ter me permitido um conto de verdade, com erros, acertos, brigas, arranhões e reconciliações e bombons e jantares e você. Do jeito que tem que ser.

Afinal, "Todo mundo diz que ele completa ela e vice versa, que nem feijão com arroz..."


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