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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Nosso amor engarrafado.



Cadê a chave? Deixei a chave do carro jogada em alguma cadeira pela casa. Pego a bolsa, seco as lágrimas. O sol não esperou elas secarem para nascer e o dia esbarrou no meu rosto lembrando que já era hora de levantar, mas eu nem me deitei. Meu estômago está vazio, pena que o coração não.

Achei a chave.

Entro no carro e a nossa música está tocando. Droga, outra lágrima. Por que esses acasos não acontecem com você também? Ótimo, engarrafamento. Vou ter uma desculpa para chegar atrasada. Podia ser assim com a vida também. "Desculpa, não quero te amar mais, estou engarrafada, sufocada." 

Descobri que eu não sou uma super heroína. Eu não sei voar, não sei ser forte, não sei deixar para lá, não sei não sentir. Meu coração sofre, mas meus pensamentos me matam. Você e esse sentimento que você me causa me faz acabar com todas as minhas certezas. Esgota minha cota de argumentos, de racionalizar isso que eu sinto. Você prometeu que não ia me magoar, lembra? Você sabia que eu tinha medo. Parece que eu já sabia que ia me encontrar nesse estado um dia. Entrei sabendo que ia sofrer por você. Afinal sempre sabemos, né? Mas mesmo assim entramos de cabeça, mergulhamos nesse mar, nesse abismo sem pensar sua vez, achando que vai ser diferente, mas nunca é. Sentimento são previsíveis. Me perdoa estar tão desacreditada, mas os últimos acontecimentos acabaram comigo.

Você diz que está comigo, mas sempre me deixa. Você diz que me ama, mas não sei qual é a sua definição de amor. Não sei mais o que temos de fato, ainda mais depois de tudo que eu te disse e você fez questão de retrucar. Não vou falar que você é diferente de todos os outros que eu conheci, pois você não é, você é igual a eles, a diferença é que eu gostei de você, de uma maneira que não gostei de nenhum deles. Você me fez ficar vermelha de vergonha apenas por tocar minhas mãos, eu sempre ficava sem reação quando estava do seu lado. Você me fez sentir o frio na barriga, o sorriso que não consegue sair do rosto.

Bi bi biiiiiiii bi. Parece que o trânsito melhorou.

Mas e quando vamos melhorar? Quando essa relação vai sair do engarrafamento e finalmente poder seguir a Avenida. Quando vou deixar de ouvir a buzina do meu coração mandando eu correr pro telefone e ligar pra você. Eu sei que estar com você é entender essa sua complexidade sem fim, seu jeito estranho de sentir e seu sarcasmo quando eu estou falando sério. O problema é que eu não consigo sair, eu estou presa nesse engarrafamento que eu chamo com o seu nome. Poderia seguir um atalho, mais longo, porém livre e tranquilo, mas eu estou presa aqui, presa em você, nesse amor e em tudo que eu senti com você do meu lado. Gostaria de atropelar meu orgulho e no final do dia poder te ver. Mas mais uma vez o sol vai se por e vou pegar o trânsito para voltar para casa e não vou te ver. Até um de nós entender que não tem jeito. Eu sofro por você, mas não consigo ficar longe de sentir. Mas de sentir, por você.

Ouvindo:  David Gray - It's Not Easy to Be Me

2 comentários:

  1. Meus parabéns, texto muito bom e criativo!
    Adorei seu texto, amiga!
    O amor sempre nos deixa num engarrafamento....é verdade mesmo!
    bjo
    http://www.elianedelacerda.com

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