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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Precocemente madura.



E então eu chorei. Chorei de novo, no banheiro, em mais uma manhã de outono. E o motivo? Falta de mim, ou talvez não seja isso, e sim, excesso de mim. Já não sei mais ao certo o que é ou deixou de ser eu. Acho que essa crise existencial é bem típica nessa fase. Amadurecemos tanto que chega uma hora que nos questionamos sobre o que afinal somos realmente, a criança ficou para trás e estamos construindo nossa personalidade e caráter pelas atitudes que tomamos na adolescência. Não pense que por essa primeira linha do texto sou uma menininha que chora por tudo, sou uma piscina de 100.000L, só que até eu, às vezes derramo.

Eu sou, em geral, uma pessoa comunicativa, extrovertida e simpática. Faço amizades com facilidade e nunca demorei para me adaptar em um lugar. Mas em contrapôs a tudo isso, sou uma pessoa extremamente sozinha e solitária. Cresci acostumada com o silêncio, com meus próprios conselhos e meu próprio colo, o que me fez hoje ser uma pessoa que não lida muito bem com opiniões negativas alheias. Passo 90% do meu dia sozinha, com os meus pensamentos, no meio de um monte de pessoas. Acho que essa é a pior solidão, você se sentir sozinho quando se tem gente por todos os lados. E assim que eu mais me sinto. Talvez pelo fato de não me encaixar com o contexto, de me sentir um vegetal em meio as paredes verdes. De nada fazer sentido.

 Preciso deixar esse texto bem lírico para desabafar. Eu sempre fui precocemente madura, gostava de ficar ouvindo a conversa dos adultos e em vez de brincar de pique. Mas até os meus 14 anos eu conseguia lidar bem com tudo isso, minha maturidade era escondida de mim mesma e eu adorava ser idiota com os meus amigos. Mas quando eu chegava em casa e escrevia, ela se revelava para mim, de novo. Só que depois dos meus 14 anos, muita coisa mudou. Eu ganhei uma maturidade absurda em pouco tempo, comecei a ver a vida por novos ângulos e a conhecer pessoas que jamais imaginaria. Não sei a metamorfose que ocorreu dentro de mim, só sei que depois disso, não consigo me adaptar ao meio em qual me encontro. Com certas amizades consigo ser natural de fato e fico feliz em ser compreendida. Mas em outras, tenho preguiça de trocar 3 palavras. Sei que a diferença está mim. Mas decidi não forçar as coisas. Não me forçar a ser quem eu já entendi que não sou, e então me recluso! Fico na minha e os dias passam. E eu torço para que passem.

Só precisava mesmo desabafar e compartilhar o que entendi: Não vale a pena se modificar, se romper para ser algo que não é. Conviva com a sua diferença e faça dela especial. Ame seus defeitos e entenda que eles que te fazem única. Não se importe em ter apenas um bom amigo. Fechei esse acordo de paz comigo. Na realidade não sei bem quem eu sou, em qual parte da ponte me equilibro mais - criança x adulto - e mesmo não sabendo respeito a vontade de ambos e mesmo sozinha, posso afirmar que me sinto bem comigo mesma, segura das minhas atitudes e certa com os meus pensamentos. E olha, não é tão mal assim...


4 comentários:

  1. Eu também passo 90% do meu dia sozinha e sinto falta das coisas mais simples da vida: estar do lado que quem amamos...
    Lindo texto!

    http://fala-vanessa.blogspot.com.br/

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    1. É exatamente isso! Tem laço que é mais forte que nó, né?

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  2. Me identifique bastante com o texto, mas como tu disse é fase! Alguns meses atras eu era assim, bem sozinha, na minha, solitária..Não cheguei a depressão ou tristeza em excesso, mas fiquei bem desanimada com algumas coisas.
    Lindo texto!
    beijos
    agnes cristy
    escritasdeverao.blgspot.com.br

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    1. Pois é, Agnes. Acho que cada texto que vou escrevendo essa fase vai passando um pouco. É como machucado, daqui a pouco vira casquinha, passa e nem percebemos. Adorei seu blog. Bjão

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