"Você não tem nome não?"
Naquele momento eu mal me lembrava dele.
Não lembrava também que existia dentro de mim a capacidade de me permitir ao novo, de amar mais uma vez. Ele falava da vida, sobre a economia, da família e da profissão como se nos conhecêssemos há séculos. Depositava tanto entusiasmo e verdade em cada palavra que me contagiava e, naquele momento, o meu nome foi facilmente esquecido por mim. Mas não por ele.
"Você tem alguém? Ou deixou alguém?"
"Não, sou de poucos amores."
"E se eu for o seu pseudo amor?"
Ele estava alterado pelo álcool, mas mesmo assim eu sorri.
"Acho que quando tiver que ser, o destino se encarrega."
Mas.. "E se?"
A mensagem dele chegou um dia depois no meu celular. E eu fingi que não passei as últimas 24h lembrando do quão bom era seu beijo e como nossos corpos se encaixaram quando ele me puxou pela cintura e nos abraçamos, parecendo mágica. O papo foi se estendendo e o que foi uma ficada irreal de sábado à noite, tornou-se expectativa. E eu só queria vê-lo outra vez.
Aquela sensação de paz estava voltando ao meu coração, dessa vez sem jogos. Era um recomeço! Um bonito recomeço. Quando ele me olhou no fundo dos olhos e sorriu, eu esqueci que um dia tinha prometido me fechar e viver sozinha toda a vida e nunca mais amar e me iludir. Tudo isso perdeu o valor.
Eu já estava iludida.
Mas não é assim também como você está pensando, é uma ilusão diferente. Porque por mais que eu relute, sei, no fundo do coração, que a vida são instantes e viver esperando a perspetiva do eterno é afogar-se em um mar profundo de angústias e desilusão. E se amanhã ele sair da minha vida, eu voltarei a viver, voltarei a sorrir (depois de um tempinho, vai), amarei outras vezes, virão outros caras. Mas confesso que o pulo repentino que meu coração deu quando eu o vi adormecer abraçado a mim, será impossível esquecer.
Acredito que as pessoas costumam dizer que o verdadeiro amor é eterno por essa razão: por mais que ele se vá, ele sempre permanece. Dentro de cada um de nós, nas lembranças e em cada momento do cotidiano, te fazendo lembrar e amar ele às 19h em uma noite chuvosa de verão só porque ele te avisou para nunca sair de casa sem guarda-chuva. Em cada algo bom e ruim que ele te ensinou, no seu processo de maturidade e na madurez do próprio sentimento. Definitivamente você sempre vai ter uma parte dele com você e não importa se durou um dia ou um ano, a intensidade que determina o que foi pleno.
Por exemplo eu bem sei que sempre lembrarei com doçura da sua segurança e do carinho no olhar. Lembrarei das ruas e macetes, das artes e da rotina agitada que acabei decorando. Lembrarei do quanto admiro a grandeza e força, também sua determinação. Lembrarei que amo seu coração enorme que abre os braços, me abraça e cuida do mundo inteiro. Lembrarei do orgulho que sentia em vê-lo um menino dentro de um homem tão decidido. Lembrarei que discutíamos futebol sorrindo e das promessas no pé do ouvido. Lembrarei do corpo quente e do abraço. Lembrarei ainda que pensar em um futuro ao lado de alguém que não faz apenas o seu corpo, mas também sua alma, vibrar inteira de pura de emoção e êxtase, é incrível. Me faz querer ser melhor e maior todos os dias e me empolga continuar indo atrás de tanta coisa..
Mas se esse futuro na verdade não precisar ser conjugado em um futuro do indicativo e for muito bem vivido, e contado apenas no presente, sendo de fato um presente, ao lado dele, terá valido a pena tudo isso.
Como também, se no futuro virar lembrança, e um doce passado, continuarei lembrando com o mesmo amor que sinto hoje.
Porque na verdade não importa qual será o próximo passo que daremos juntos, nós já demos o primeiro. E independente das escolhas, meu pseudo amor continuará sendo você.
Aaaaaaah Pêgas ! Apenas pare de fazer essas coisas comigo numa quinta feira à noite! Não preciso mais dizer que eu amo o que você escreve né?
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