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quarta-feira, 19 de junho de 2013

O tal do cochicho...


Cheguei em casa hoje e encontrei minha prima de 11 anos brincando com mais duas amigas. Sabe aquela coisa peculiar de criança em fingir que está tudo normal, então, ela fez, depois cochichou algo com as amigas e eu lembrei que fazia igual. Mas o ponto importante de fato é que pela primeira vez eu foi o cochicho e não quem cochichava. 

Geralmente, quando crianças temos mania de achar que enganamos bem todo mundo, quando na verdade somos facilmente decifrados, mas não estrague a graça de disfarce. E sempre fazemos fofoca quando alguém passa, se for alguém que gostamos falamos coisas incríveis da pessoa, só para deixar as amiguinhas com inveja, ou se é alguém que detestamos falamos algo horrendo só para não ter chances das amigas se enturmarem com a certa pessoa.. E nos dois casos, sempre se aumenta um pouco a história, não é verdade?

Subi as escadas pensando em qual lado da história eu estava no cochicho da minha prima. Será que ela disse que sou um prima rabugenta que vive presa em seu calabouço?  Não duvido. Afinal, é a verdade! Fiz um flashback e lembrei do quanto já cochichei sobre a vizinha, sobre o carteiro, o pedreiro, o outro vizinho e até o novo namorado de uma periguete da rua. QUE SAUDADE DO COCHICHO!! Até ontem isso era hábito e hoje sou cochicho. 

Depois de um tempo o cochicho perde força, você deixa de contar segredos da sua vida - e da dos outros - e começa a conversar sobre o clima, o trânsito e aumento da inflação. E quando conta segredos, apenas conta. Não há aquele disfarce para contar algo que ninguém perceba, aquele espanto de quem escuta, a imaginação de quem conta, não tem tanto prazer em contar algo. Mas o cochicho, a esse é o melhor!

O que ficou marcado é que certas coisas não mudam, aquela vila que ontem era meu parque de diversões, hoje é palco das brincadeiras da minha prima. Tudo igual, eu diferente! Ai o tempo vai passar e logo, logo, loguinho ela será a prima rabugenta que vive em um calabouço de um outro primo mais novo que com certeza, vai estar cochichando com um amigo assim que ela passar. 

Somos previsíveis e sabemos disso, mas cochicha porque ela não pode escutar.

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