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domingo, 16 de junho de 2013

Quando foi que mudei tanto?


Aquele lugar, aquela rua, aquela mesma casa e as mesmas companhias. Tudo era sempre igual, e prazeroso como sempre foi. Mas nada daquela vez estava habitual. Claro que o problema era, como sempre, eu. Eu e minha mania estranha de sentir um peso exagerado sobre as costas, de sentir a incapacidade de mudar o mundo e a dor de conviver com as coisas dessa forma. E o mundo continuava igual, girando, andando, seguindo seu fluxo como sempre fez. E eu estava parada. Sem conseguir conter meu desejo de que as coisas se ajeitassem como mágica.

Olhava aquele lugar e vi todos os anos da minha passando como flash na minha memória. Tantos bons momentos, tantas histórias.. Quando foi que eu mudei tanto? Era como se todas essas lembranças pertencesse a uma outra criança, como se fosse um filme que assisti em uma noite qualquer de verão, menos a minha história. Quando eu olho no espelho não reconheço mais o mesmo reflexo de uns 4 anos atrás. E isso dói. Machuca saber que não foi apenas a cor das paredes que mudou por aqui, a minha casca também é outra. As mesmas pessoas, o mesmo papo, as mesmas reclamações e o mesmos problemas. Por que eu não segui o ritmo de todos e permaneci igual? Não consegui adaptar meu crescimento com o cotidiano, segui outro rumo, fiz outras escolhas.. Mas quando foi o momento que eu troquei de estrada? Quando foi que eu mudei?

Olho para minhas amigas e tenho certeza que elas vão continuar sendo melhores amigas pro resto da vida, mas eu, acho que vou ser aquela velha amiga, que quando vem passar as férias, acabamos em um restaurante relembrando as descobertas e artes de crianças. Elas continuam as mesmas, amigas como sempre e eu, bem, e eu mudei. É engraçado o quanto que a gente se perde e se acha na vida ao longo do tempo, como se fosse um labirinto, no qual temos que voltar e ir de novo toda vez que caminhamos por um beco sem saída. Eu vou e volto inúmeras vezes. Mas a cada ida e a cada volta, sou uma pessoa diferente. Não digo em essência, digo sei lá em que, mas diferente. Me olho no espelho diariamente, vejo meus olhos e os pergunto no que mudei tanto? Por que me sinto tão diferente? Afinal, certas coisas em mim permanecem as mesmas, continuo gostando de verde, de ficar em casa ao invés de sair, de ver filmes românticos e comer chocolate. Em qual canto da minha alma a mudança aconteceu? Vejo ela tão frequente em meus dias, nas minhas atitudes, vejo outra pessoa em mim.  

Às vezes acho que esse cotidiano, essas ruas e essa cidade ficaram pequenos demais para mim, outras vezes tenho certeza disso. Mas ai eu penso, será que se eu for para outro lugar, daqui alguns anos, eu não vou me sentir assim de novo? Não sei, e nem tenho como saber agora. Só sei que no momento, preciso tentar, preciso descobrir. Preciso me encontrar sozinha em um lugar desconhecido, ver a vida de gente grande pairar sobre minha realidade para entender quem realmente eu sou, o que eu realmente quero. Preciso sentir e entender essa mudança sendo compreendida. Será que você me entende?

Sei que sou complexa demais em meus raciocínios, mas não culpo se ninguém entender, nem eu entendo às vezes. Só sei que tenho milhões de dúvidas, milhões de medos, milhões de vontades. Vontade de mudar as coisas, mudar a realidade. Sei que essa mudança que grita dentro de mim é quase isso, um cochicho no pé do ouvido me dizendo para fazer diferente. E então vou, fui!

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