Páginas

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O infinito azul..


Hoje parei para observar o mar, e junto dele, como as coisas mudam. Como nós mudamos. Pois bem, voltei um pouco no tempo, quando eu era criança e ficava louca todas as vezes que ia a praia. A sede que eu tinha em entrar no mar, em estar sempre lá furando as ondas. Passa horas, dias se deixassem, ficava lá sozinha, inventava histórias, levava cachotes, sem nem me importar com hora, nem com nada. Cada vez tinha uma necessidade de ir mais longe, de ficar mais tempo. Necessidade que sempre era interrompida com alguém me chamando na areia. "vem mais para cá, não quero você no fundo." ou "vem, vamos embora, já está tarde e o mar está violento." Que violento o que! Eu não tenho medo, queria cada vez mais me jogar, andar e andar até alcançar a linha do infinito, até chegar em um azul tão profundo a ponto de não saber mais o que é céu e o que é mar. 

O tempo passou.

Hoje não gosto de praias. Perdi aquela sede em enfrentar o mar e descobrir o sete mares. Hoje, fico feliz em observar apenas sua grandeza, de longe, na areia. Aprendi a ser como onda, que se lança sem cansar ao mar, se arrastando pela areia, sendo grande ao longe, pequena de perto. Ás vezes me olham ao longe e me veem como uma fortaleza, mas ao olhar de perto, sou uma marolinha, um rastro de onda, que molha os pés. Aprendi a admirar a vista do infinito de longe, a querer ver o céu e o mar se encontrarem apenas para contemplar. Aprendi a admirar, não quero mais fazer parte do espetáculo. Não fico mais nem 20 minutos na água e não enfrento mais as ondas e o mar violento. Hoje eu fico na areia, gritando o tal do "vem para cá.", isso faz parte da mudança?

Quando eu era criança não entendi porque os adultos passavam tanto tempo na areia, tostando no sol e conversando. Na minha cabeça a lógica que corria era: Se viemos a praia, temos que ficar no mar. Conversar fazemos em casa. E continuo com razão. Mas se perde a vontade, se perde a gana, a sede em descobrir o mar, descobrir o azul, descobrir o infinito.

A medida que a vida começa a complicar, começamos a reduzir. Menos é mais. E leveza é a palavra de ordem. Não queremos mais enfrentar nada, queremos sentir o vento, a brisa, a leveza, os pés bem fincados na areia, como âncora. Quando crescemos podemos perder toda a diversão, mas faz parte do jogo.

O céu continua azul, o mar continua azul. O infinito continua lá. E eu, que antes estava lá, hoje estou aqui, observando o balanço das ondas se misturarem com um azul que não sei decifrar. E fica apenas o tempo e o que tiramos de lição dele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário