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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Quebra cabeça incompleto.


 Página 15. Livro da minha vida. Uma manhã de inverno.

Coração congelado. Olhar frio. Pensamento longe. O que você está fazendo nesse momento? Tomando seu café e lendo a sessão de esportes do jornal. O flamengo ganhou de 2x1 e seu humor deve estar ótimo! Eu aqui do outro lado tomei um porre ontem e acordei com uma baita dor de cabeça. Pensei em você e senti aquela saudade que não se admite.

- Por que vocês insistem nisso? Já lhes disse que ele é passado.

Passado que não passou. Ferida que não cicatrizou. Outra bebida, por favor!

Longe do chão, talvez me encontre mais salva. O abraço que me acalma e protege. O beijo que me salva. O olhar que encontra o meu e diz: eu gosto de você. 

- Eu também!

Tarde demais. Cedo para esquecer.

Você vai fechar o jornal, olhar o relógio que já marca 10h. A chave do carro nas mãos e o terno, você vai dirigir para mais um dia normal. Eu masco meu chiclete de menta e escuto que a próxima estação é a Sé. Salto e me misturo no meio das pessoas. Milhares de pessoas, sonhos, amores, dores, sentimentos, mágoas.. Juntas. Ali, paradas. Esperando o trem com um destino: sobreviver a mais um dia. Sou empurrada para dentro do trem e você para em um engarrafamento. Nossa música toca no aleatório do meu celular no mesmo momento que toca na rádio do seu carro. Você pensa em mim. Uma lágrima rola tímida no meu rosto e eu penso em você.

Esse amor ainda nem nasceu direito para morrer assim. - diz a música


O trânsito melhora e a minha estação chega. A música acaba. O pensamento se distrai. Dou risadas com amigas, você fala de mulheres na mesa de bar. Encontra uma menina no final do dia e cogita chama-la para sair. Eu continuo falando com caras que nunca chegarão aos seus pés pelo celular. Você me procura. Eu te procuro. Nós nos perdemos. No final da noite, eu olho a lua e desejo nem por uma noite te ter aqui novamente ao meu lado. Fecho a cortina e me deito para mais uma longa noite. Você chega do bar e larga o terno em algum lugar. Acha minha foto no seu caderno e deixa de lado. Não vale a pena lembrar. Você deita do lado esquerdo. Eu abraço meu travesseiro do lado direito. Cama vazia e fria, coração incompleto. Falta você. Falta nós.

- Já disse! Ele é passado, juro que é passado.

Repito para mim antes de dormir. Para tentar me convencer pela centésima vez que acabou, que nunca mais vamos resgatar essa história. Mas ai, me pego pensando em você mais uma vez e lembro: passado só acaba quando cicatriza, quando não dói mais lembrar. E você, é ferida aberta, caso mal resolvido, amor não terminado. Você é presente. Presente no pensamento, no coração, na história.. Te quero presente na vida, na rotina. Ora, quem tento enganar! Você é o presente que eu mais quis viver.

Sinceramente, não sei mais em qual tempo estou.

Fecho os olhos. Te encontro em sonho.

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